Em 2010, passam quatrocentos anos do nascimento de João Lourenço Rebelo, um dos mais importantes compositores portugueses seiscentistas. Amigo e protegido do rei D. João IV, que lhe fez publicar grande parte da obra por um editor de Roma, deixou um corpus de música sacra que prenuncia já o barroco e que impressiona pelas suas características únicas, que o distinguem dos outros polifonistas portugueses e do resto da Europa. Uma música de tocante beleza mas desconhecida da maioria das pessoas, até mesmo do meio musical. Nesta efeméride, quase não se tem ouvido a obra de Rebelo e uma das excepções é o concerto marcado para 5 de Dezembro, às 16h, na Igreja Matriz de Oeiras, pelos agrupamentos Capela Joanina e Flores de Música. O seu director artístico, João Paulo Janeiro, que tomou Rebelo como objecto da sua tese de doutoramento, inicia-nos na obra do compositor, sobre quem registamos também o depoimento de Paul van Nevel, director artístico do Huelgas Ensemble, que gravou o único CD monográfico de Rebelo.
Foto: Ana Jesus Ribeiro
Na próxima semana, Christopher Bochmann festeja os seus sessenta anos e trinta de permanência em Portugal - repartidos por uma intensa actividade enquanto professor (inicialmente no Instituto Gregoriano, depois no Conservatório Nacional, na Escola Superior de Música de Lisboa, de que foi director, e presentemente na Universidade de Évora, onde dirige o a Escola de Artes e o Departamento de Música), maestro (titular da Orquestra Sinfónica Juvenil, que dirige em concerto no próximo sábado, na Igreja de São Roque, e convidado do Grupo de Música Contemporânea de Lisboa, entre outros) e compositor (para si, a vertente mais importante e gratificante da sua actividade musical). Tópicos para uma conversa em que se fala também dos novos projectos e dos dois concertos comemorativos desta dupla efeméride: no dia 8, às 19 horas, no Palácio Nacional da Ajuda, pelo GMCL, e no dia 9, 21h, no átrio do Teatro Nacional de São Carlos, pelo Quarteto de Cordas de Matosinhos. 
Nas vésperas de um novo concerto (no dia 30) no Centro Cultural de Belém, onde se mantém como Orquestra em Residência durante mais uma temporada, e com três anos de existência que tiveram como corolário o convite para darem o concerto inaugural no prestigiado City of London Festival, no passado 21 de Junho, a Orquestra de Câmara Portuguesa não pára de surpreender: pela crescente qualidade das suas actuações, pelas diversas iniciativas com que contribui para cimentar a carreira de jovens músicos (entre as quais a OCPZero, para a qual decorrerão audições no próximo domingo, 31) e para fazer da arte musical uma prática solidária e de cidadania. Pedro Carneiro, fundador e director artístico da OCP, está esta semana Na Outra Margem para falar sobre a odisseia que representa desenvolver um projecto tão dinâmico com tão escassos meios.
Em 2009, conquistaram o Prémio Jovens Músicos na categoria de Música de Câmara. Como resultado, vários concertos em festivais de música ao longo deste ano e a gravação e edição de um CD, oferecida pela Fundação GDA-Direitos dos Artistas. O Quarteto Blanc e o presidente daquela instituição, Pedro Wallenstein, estão esta semana Na Outra Margem, para uma conversa sobre todo o trajecto que levou este jovem ensemble a iniciar o trilho em que está a ter tão bons resultados e sobre as questões fundamentais nas quais incide a acção da GDA em prol dos direitos do artista.
Foto de M. Lobo Antunes retirada daqui
Ao longo de duas semanas, o festival Música Viva volta a mostrar em Lisboa um mosaico da criação musical contemporânea - com obras de compositores portugueses e estrangeiros, várias delas em estreia - , em que se insere o incentivo à criação, através do concurso de composição do festival e o espaço à apresentação de peças de jovens autores nacionais. Miguel Azguime, o director artístico e compositor cujos 50 anos são também celebrados, fala sobre o evento e as opções de resposta às restrições orçamentais na edição deste ano.
Com apenas 30 anos e vários primeiros prémios nacionais e internacionais no seu currículo, concertos e masterclasses realizadas em vários países, Pedro Rodrigues, um dos nomes cimeiros da guitarra em Portugal, acaba de ver publicadas, pela Notação XXI, as partituras das suas transcrições para guitarra de peças de António Pinho Vargas - ponto de partida para uma conversa, em que se fala também da Revista Guitarra Clássica, que tem o seu nº 2 já à venda e de que é um dos obreiros, do repertório para o instrumento e do panorama da guitarra clássica no nosso país. 
Nas vésperas do arranque do Festival do Estoril, o seu director, Piñeiro Nagy, fala sobre o certame e a sua programação, bem como o objectivo de intercâmbio com outros festivais e a vocação de incentivo aos músicos portugueses. Um deles, o compositor João Madureira, está também Na Outra Margem, para falar da obra "Greeting", que lhe foi encomendada pelo Festival do Estoril e que vai ser estreada no dia 23, pela Orquestra Metropolitana de Lisboa.
Entre 10 e 12 de Julho, o Coro Ricercare e a Sinfonietta de Lisboa apresentam um programa de concerto exclusivamente com obras que encomendaram a jovens compositores portugueses: Francisco Gonçalves Tavares, Sofia Sousa Rocha, André Miranda, Anne Victorino d'Almeida e Miguel Teixeira. Três concertos, em três igrejas (na do Loreto, ao Chiado, no dia 10; na dos Pastorinhos, en Alverca, no dia 11; e S. Jorge dos Ingleses, à Estrela, no dia 12), fazem a quarta edição desta iniciativa de incentivo à criação musical contemporânea - uma das razões de ser da Associação Ricercare e das duas formações que a constituem. Pretexto para uma conversa com os seus directores musicais, Pedro Teixeira (do Coro Ricercare) e Vasco Pearce de Azevedo (da Sinfonietta de Lisboa). 
Foto: Daniel Blaufuks
Um quarto de século, o primeiro, celebrado em 2010 pela Miso Music Portugal, estrutura fundada por Paula e Miguel Azguime inicialmente como suporte do seu Miso Ensemble - mas que rapidamente impôs uma dinâmica de apoio e divulgação da criação musical contemporânea portuguesa. Os 25 anos são festejados entre 13 e 17 de Abril, no Instituto Franco-Português, com lançamentos de CDs, concertos, estreias (como a de dois Cadavres Exquis, que englobam 75 peças de 1 minuto oferecidas à MMP por compositores portugueses e estrangeiros que têm marcado presença na história da estrutura. _red.JPG)
Foto: José FradeEntre 9 e 11 de Abril, sobe ao palco do São Luiz a ópera "Os Mortos Viajam de Metro", com música de Hugo Ribeiro e libreto de Armando Nascimento Rosa, resultante do primeiro prémio da segunda edição do concurso Ópera em Criação. A trama narrativa coloca em cena seis personagens femininas (como Florbela Espanca, Virginia Woolf e Sylvia Plath), interpretadas por Madalena Boléo, Margarida Marecos, Raquel Alão, Sandra Medeiros, Sónia Alcobaça e Susana Teixeira. Num intervalo de ensaios, falamos com o compositor e o libretista mas também o encenador, Paulo Matos, e o director musical, João Paulo Santos.
A concluir, breve nota sobre as duas primeiras edições da Associação António Fragoso, o DVD "António Fragoso - uma antologia" e o livro "António Fragoso e o seu Tempo", resultante do colóquio internacional organizado pelo CESEM em 2008, com direcção de Paulo Ferreira de Castro.
Para ouvir Esta 4ª feira, às 18h05, em 90.4 fm ou em www.radioeuropa.fm, e a partir de 5ª feira em podcast.
Com dois recitais marcados para a próxima semana, no dia 7 em Lisboa, no Instituto Franco-Português, e a 8 no Auditório de Espinho, em que vai apresentar um recital com cantatas francesas para baixo, o Ludovice Ensemble é um dos destaques do Na Outra Margem. Fernando Miguel Jalôto, cravista e director artístico, fala sobre o programa do recital, da abordagem ao repertório - historicamente informada e com recurso à pronúncia francesa do século XVIII - mas também sobre o ensemble e sobre a gravação, muito em breve, das cantatas deste recital, para publicação em CD pela etiqueta Ramée.
Na Primavera de 1970, Jorge Peixinho criou o Grupo de Música Contemporânea de Lisboa. Quarenta anos depois, o colectiva festeja a efeméride mas também os setenta anos do nascimento do seu fundador e os oitenta de Clotilde Rosa, desde a génese ligada ao grupo. Vai ser num concerto a 31 de Março, no Pequeno Auditório do CCB, em que participam alguns dos elementos fundadores e quatro dos maestros que desde 1995 têm colaborado com o GMCL - e em que vão ser tocadas obras históricas mas também estreada uma nova encomenda ao compositor João Madureira. Esta semana, Na Outra Margem, uma viagem pelo tempo, guiada por Clotilde Rosa e José Machado, director artístico do grupo, com depoimentos de Madureira e Christopher Bochmann, desde as origens até ao novo CD, monográfico de Peixinho, que irá ser apresentado num colóquio que antecederá o concerto.
Acabado de sair no mercado internacional, o CD "Spiral of Light - Portuguese Music for Strings and Marimba" (ed. EtCetera) é o corolário de um trabalho que nos últimos 3 anos levou Pedro Carneiro e o Arditti Quartet a encomendar e interpretar obras a compositores portugueses: Clotilde Rosa, João Pedro Oliveira, João Rafael, Luís Tinoco, Patrícia Almeida, Rui Penha e o próprio Pedro Carneiro. O percussionista e maestro está Na Outra Margem para falar sobre o desafio que para si representa este quinteto e sobre música portuguesa - mas também sobre o seu trabalho como compositor e a música que escreveu para "Rei Édipo", pelos Artistas Unidos (em cena do Dona Maria II até dia 28), sobre os seus próximos CDs e concertos como solista, sobre a Orquestra de Câmara Portuguesa (que criou há 3 anos e que irá estrear-se na cena internacional com o concerto inaugural do City of London Festival, em Junho) e sobre as dificuldades de exercer actividade artística em Portugal.
Na semana em que celebra 10 anos de existência formal, a Orquestra de Câmara de Cascais e Oeiras ocupa-nos a atenção Na Outra Margem. Nikolay Lalov, o seu fundador, director artístico e maestro, fala sobre a génese e o historial desta formação, que tem apostado na fidelização de públicos pela qualidade dos seus concertos, em programas diversificados que incluem música de câmara, na divulgação de repertório português e incentivo a compositores contemporâneos e na contratação efectiva de músicos. Fala-se também do projecto gémeo da OCCO, o Conservatório de Música de Cascais, criado há dois anos e instalado no mesmo edifício da orquestra, e do concerto comemorativo do décimo aniversário, que tem lugar nesta 6ª feira, no Centro Cultural de Cascais.
Uma semana antes da primeira edição do "Peças Frescas" de 2010, que irá realizar-se no próximo dia 10, às 19h00, no Grande Auditório da Escola Superior de Música de Lisboa, os holofotes do Na Outra Margem incidem sobre sete dos oito alunos do Curso de Composição da ESML que irão ter obras suas interpretadas por colegas dos cursos de instrumento. Iremos conhecer um pouco das ideias e dos percursos iniciais de Gustavo Cruz, Nuno da Rocha, Tiago Cabrita, Carlos Filipe Cruz, André Miranda, Mário Chan e Francisco Tavares, numa conversa em que vem também à baila a necessidade de, cada vez mais, os compositores tomarem a iniciativa de organizar concertos para dar a conhecer o seu trabalho ao público e consolidar a sua actividade.
Juntar artistas consagrados e talentos emergentes, fazê-los tocar Chopin, Schumann mas também compositores de outras épocas e coordenadas, para um público de todas as idades: é o conceito da segunda edição dos Concertos à Conversa, no CCB, arquitectados por Miguel Henriques e em que participam os pianistas Jorge Moyano, Iryna Brazhnik e Inês Andrade, entre muitos outros músicos e ensembles. Na Outra Margem, antevemos o que prometem ser estes cinco concertos, entre 7 de Março e 11 de Abril.
No dia de arranque dos trabalhos do 8º Workshop da Orquestra Gulbenkian para Jovens Compositores Portugueses, uma vez mais sob a direcção de Joana Carneiro, o Na Outra Margem vai aos bastidores para uma conversa com a maestrina e com cinco dos sete jovens criadores seleccionados para a edição deste ano. David Miguel, Nuno Peixoto de Pinho, Ângela Ponte, Miguel Teixeira e Daniel Moreira levantam a ponta do véu sobre as suas obras e falam sobre a experiência de participar nesta importante iniciativa, que culmina com o concerto de apresentação das obras, no próximo sábado, às 21h30, na Culturgest.
13 anos de intenso trabalho de esquematização, constituição de equipas, pesquisa, redacção e revisão desembocaram na muito aguardada, e agora concretizada, publicação da "Enciclopédia da Música em Portugal no Século XX" (ed. Temas e Debates/Círculo de Leitores). Salwa Castelo-Branco, motor deste grandioso projecto, está esta semana Na Outra Margem para falar sobre os objectivos, critérios e métodos utilizados.
Depois de alguns anos sem actuar a solo, José Bon de Sousa regressa em 2010 com novos programas, o primeiro dos quais estreia neste mês em dois recitais. O primeiro teve já lugar, a 1 de Fevereiro, no Palácio Foz, e o segundo está marcado para dia 10, às 19h, no Pequeno Auditório do CCB. Além do aniversariante Chopin, o pianista visita obras de Carlos Seixas, Francisco Lacerda (algumas das "Treinte-Six Histoires Pour Amuser les Enfants d'un Artiste", que há 12 anos gravou em CD), Armando José Fernandes e Ivan Moody - compositor com intensa actividade (também enquanto maestro e musicólogo) mas que pouco tem escrito para piano, dedicando parte importante do seu trabalho à música coral e religiosa. 
Lisbon Ensemble 20/21 
Mais de um ano de trabalho e três dias de gravação em Belgais resultaram no duplo CD "Página Esquecida", em que o violoncelista Bruno Borralhinho e a pianista Luísa Tender percorrem obras importantes do repertório português para estes instrumentos e para violoncelo solo. Composições de Fernando Lopes-Graça, António Victorino d'Almeida, Armando José Fernandes, Frederico de Freitas, Joly Braga Santos, Luís de Freitas Branco, Jorge Peixinho, Luís Costa e Cláudio Carneiro, algumas das quais raramente tocadas, seleccionadas por dois intérpretes que dedicam regularmente parte do seu trabalho à música portuguesa e que aspiram, por meio deste registo com distribuição internacional, contribuir para dá-la a ouvir em todo o mundo.
A sala de trabalho de Luís Costa, no Largo da Paz, 53, no Porto, onde compôs muitas das suas obras, onde estudou e preparou concertos, onde recebeu muitos dos seus alunos e várias das grandes figuras da cena musical europeia, onde iniciou na música as suas filhas Helena e Madalena - foi aí que, no dia dos cinquenta anos da morte do Mestre pianista e compositor, foi gravado o Na Outra Margem, numa entrevista com a filha, a violoncelista Madalena Sá e Costa, e o pianista Fausto Neves, amigo da família e intérprete da obra de Luís Costa. Uma jornada pela memória de uma das mais importantes figuras da vida cultural portuguesa do século XX, para ouvir esta 4ªfeira, em 90.4 fm ou em www.radioeuropa.fm, e a partir de 5º feira em podcast.
Com uma extensa carreira grandemente dedicada à música de câmara, Carla Seixas abre 2010 com um recital que combina música e poesia, com a actriz Leonor Seixas, sua filha, e o meio-soprano Larissa Savchenko, e que se realiza a 15 deste mês, no Centro Cultural do Seixal. Pretexto para uma conversa com a pianista sobre o trabalho que tem desenvolvido com a obra de compositores portugueses - pontuado pela edição, há 10 anos, do seu único CD, "Saudades da Terra", com a integral da obra de canto e piano de Francisco Lacerda, que gravou com o soprano Lia Altavilla, e pelo projecto de gravar a integral de piano solo do mesmo compositor; à conversa vem ainda o seu trabalho como docente e a sua visão do panorama actual do ensino da música no nosso país. 
